Por Weverton Bruno
A Agência Brasileira de Inteligência (Abin) está no centro de um escândalo de rastreamento ilegal de celulares, de acordo com informações divulgadas na sexta-feira (20) em uma operação da Polícia Federal. Investigadores envolvidos no caso revelaram que o uso ilegal da tecnologia envolveu atividades durante o período eleitoral e buscou criar um "cerco ao STF".
Em março deste ano, o jornal O Globo já havia revelado o uso de um sistema que permitia monitorar até 10 mil celulares sem a necessária autorização judicial.
Conforme informações obtidas por investigadores, a espionagem eletrônica foi realizada de maneira "sistemática" e teve como alvo "centenas de celulares" de indivíduos ligados ao Supremo Tribunal Federal (STF). Esse monitoramento não se limitou apenas aos servidores do tribunal, mas também incluiu advogados, policiais, jornalistas e ministros do STF. A investigação identificou cerca de 33 mil acessos aos registros de localização de diversos alvos.
Após a operação da Polícia Federal, a Abin emitiu uma nota afirmando que abriu uma apuração interna para lidar com a situação e que cooperou plenamente com a PF e o STF em suas solicitações. Além disso, todas as solicitações dessas instituições foram prontamente atendidas pela agência de inteligência.
Houve buscas em três andares da empresa Cognyte, que fornece a tecnologia, localizada em Santa Catarina. Há informações iniciais indicando que o Exército poderia estar envolvido no uso da ferramenta ilegal. Com base nas apreensões realizadas, a PF planeja aprofundar as investigações e abrir uma nova linha de apuração para entender se o Exército estava utilizando o sistema ilegalmente, os motivos por trás disso e a extensão dessa utilização indevida. Esse caso tem gerado grande repercussão e levanta sérias questões sobre a privacidade e a legalidade das operações de inteligência no Brasil.