O caos foi instalado no bairro Bom Parto, no início da noite deste domingo (10), após a sirene de alerta tocar em três momentos após o abalo, que foi registrado pela Defesa Civil de Maceió às 13h15. Moradores relataram que continuam em suas casas e estão com medo do rompimento da mina 18, da Braskem, ocorrido às margens da laguna Mundaú, no Mutange.
"Estou tirando minha mãe com meus três filhos daqui. Com tudo isso que está acontecendo, estávamos com medo e agora é que estamos apavorados, à flor da pele, sem saber o que fazer. Meu quintal dá de cara com a lagoa. O começo da minha rua foi incluído no mapa, e a minha casa e casas das demais pessoas não foram incluídas no mapa, sendo que é à margem da lagoa". Afirmou Andressa, moradora da região.
A Justiça Federal determinou em 30 de novembro, que a Braskem adote providências em relação ao novo mapa elaborado pela Defesa Civil Municipal, que inclui no Programa de Compensação Financeira e Apoio à Realocação (PCF) novos imóveis localizados no Bom Parto.
"Ultimamente não tenho dormido direito. Tenho tido crises de ansiedade constantes. E também fiquei triste, pois disseram que o meu lado sai, mas o lado da casa da minha irmã e do meu filho não saem. Como mãe, fica difícil dormir, saber que saio e o meu filho não. Ficamos entre a cruz e a espada", disse Alice Graciele, outra moradora do Bom Parto.
Segundo o coordenador da Defesa Civil municipal, Abelardo Nobre, houve rompimento do teto da mina e os primeiros dados indicam que as outras minas ao redor não apresentam comportamento anormal.
"Disseram que era para a gente evacuar, que até a polícia estava vindo para nos retirar. Que era para irmos para um colégio. Vou sair do conforto do meu lar, da minha casa, para ficar em colégio, a Deus léu, esperar que chegue alguma coisa. E outra, a mercê de sair da minha casa e, quando voltar, pode não ter nada.
Pela manhã, a Defesa Civil já havia confirmado a aceleração do afundamento do solo da mina, que naquele momento chegou a 12,5 centímetros nas últimas 24 horas. O deslocamento total era de 2,35 metros antes do rompimento desta tarde.
Entenda a situação
Após a Defesa Civil de Maceió alertar sobre o colapso iminente da mina 18, da Braskem, no Mutange, cerca de 23 famílias tiveram que ser retiradas das casas que estão localizadas na área de risco. A Justiça Federal, inclusive, autorizou o uso de força policial, caso os moradores recusassem a sair. O caso é um desdobramento dos tremores de terra que começaram a ser sentidos pela população do Pinheiro, Bebedouro, Mutange, Bom Parto e parte do Farol em março de 2018, causados pela mineração de sal-gema feita pela Braskem desde a década de 70 naquela região, conforme apontou o Serviço Geológico do Brasil.
A Prefeitura de Maceió desocupou seis escolas em diferentes bairros da capital para torná-las abrigos temporários aos moradores e também decretou estado de emergência na capital por 180 dias.
Por Vanessa Lima / Via TNH1