Por Vanessa Lima
O advogado Ari Friedenbach, pai de Liana, que foi morta há 20 anos por Champinha, comentou sobre o caso: "Eu não perdoo em hipótese nenhuma", disse, sobre os criminosos.
Para ele, o ECA (Estatuto da Criança e do Adolescente) deve ser debatido, principalmente em casos quando o infrator possui distúrbios mentais, como sociopatia e psicopatia. Aqueles que possuem tais condições devem ser colocados em unidades separadas dos demais detidos.
Além disso, ele acredita que a maioridade penal não deve ser reduzida, e a legislação deveria ser mais clara em relação a crimes hediondos quando cometidos por menores.
Quando questionado sobre a filha, ele revelou que não pode pensar nela todos os dias. "Vem muita saudade. Não dá para deixar de pensar quem seria ela hoje", completou.
Relembre o caso
Felipe Caffé e Liana Friedenbach eram jovens estudantes e filhos de famílias de classe alta da Capital paulista. Apesar da família Israelita de Liana não aceitar o namoro, eles insistiram no romance e, para manter o contato, passaram a mentir para os pais. No dia 31 de outubro de 2003, uma sexta-feira, Felipe disse aos pais que iria acampar com amigos em um sítio abandonado de Embu-Guaçu. Já Liana contou para a família que passaria o fim de semana com amigas do colégio em Ilhabela, no litoral paulista.
Os dois se encontraram a noite e seguiram para a avenida Paulista, com mochilas. Dormiram embaixo do vão livre do MASP, o Museu de Arte de São Paulo. Acordaram bem cedinho e às 5h já estavam na rodoviária do Tietê, de onde pegaram um ônibus para Embu-Guaçu e depois outro, para um bairro distante 45 quilômetros do Centro de São Paulo, onde desembarcaram e andaram mais quase cinco quilômetros, até chegarem no lugar onde pretendiam acampar até o domingo, dia 2 de novembro.
Na mesma sexta-feira em que Felipe e Liana combinaram um fim de semana romântico, dois moradores do lugarejo onde o casal pretendia acampar também estavam combinando uma pescaria. Champinha e Paulo Cesar da Silva Alves, o Pernambuco. Os dois acertaram de pescar em um lugar que, para chegarem, tinham que passar pelo sítio onde o casal estaria. Dois jovens indefesos e dois sujeitos com tendências homicidas, sem empatia pelo semelhante. Essa coincidência do destino resultou em um crime brutal.
Já era aproximadamente 10h de sábado, dia primeiro de novembro de 2003, quando Felipe e Liana estavam com a barraca montada e conversando do lado de fora e Champinha e Pernambuco passaram à caminho da pescaria. Os dois bandidos - confessaram depois à polícia – de imediato planejaram roubar o casal na volta da pesca. Por volta das 16h, quando os comparsas retornaram, encontraram Felipe e Liana dormindo e anunciaram o assalto. Os jovens traziam pouco dinheiro e, neste momento, passaram a ser ameaçados de morte, e foi aí que Liana revelou ser filha de um bem sucedido advogado, afirmando que seu pai poderia pagar resgate.
O casal de estudantes foram torturados e mortos. Os corpos foram encontrados 5 dias após o crime, pela polícia, após o pai de Liana descobrir a mentira da filha e fazer uma denúncia na delegacia.