Em meio a um surto de dengue que já matou ao menos 151 pessoas no Brasil, só neste ano, uma pesquisa inédita à qual a CNN teve acesso mostra que 87% dos brasileiros querem se vacinar contra a doença. Apenas 11% disseram que não pretendem se imunizar.
O levantamento feito pelo Instituto de Pesquisa em Reputação e Imagem (Ipri) — antigo Instituto FSB — aponta que 61% da população tem medo “muito grande” (41%) ou “grande” (20%) de contrair a doença.
A pesquisa mostra que a barreira entre o braço do brasileiro e a agulha está muito mais na questão financeira do que em uma resistência ideológica promovida por movimentos antivacina, que impactou o Brasil no auge da pandemia de covid-19, que, apesar de pequeno, o grupo teve ação barulhenta.
Somente 19% dos entrevistados estariam dispostos a pagar pelo imunizante. Outros 79% não pagariam. O que demonstra a dependência da população brasileira das campanhas de vacinação promovidas pelo Sistema Único de Saúde, o SUS.
Atualmente, o Ministério da Saúde está distribuindo gratuitamente 1,2 milhão de doses para estados e municípios vacinarem crianças de 10 e 11 anos.
O imunizante Qdenga, fabricado pela farmacêutica japonesa Takeda, chegou a ser vendido na rede particular. As duas doses necessárias para completar o esquema vacinal custavam a partir de R$ 800. Agora, a empresa assumiu o compromisso de vender prioritariamente para o governo.
Vacina brasileira
O Instituto Butantan estuda desde 2016 a vacina contra a dengue. Os resultados comprovaram a eficácia de 79,6%, em dose única. A expectativa é que o imunizante seja aprovado e comece a ser distribuído ainda neste ano. Por conta do aumento de casos, a orientação do Ministério da Saúde à Agência Nacional de Vigilância Sanitária, Anvisa, é dar prioridade máxima para a vacina brasileira contra a dengue.
A aprovação do imunizante nacional, que tem o nome provisório de Butantan DV, depende de dois principais fatores. O primeiro é a própria capacidade do Instituto de fazer o escalonamento da produção, ou seja, conseguir aumentar a capacidade de fabricar mais doses. Para isso, está sendo testada a produção em novos equipamentos.
O segundo entrave deve começar a ser solucionado nesta semana. Em geral, as desenvolvedoras de vacina costumam apresentar um dossiê com todas as informações sobre segurança, eficácia e capacidade de produção de uma só vez. Mas devido à urgência do caso, a Anvisa vai aceitar receber os relatórios do Butantan de forma fatiada. Nos próximos dias, técnicos das duas instituições se reunirão para que a agência possa indicar quais dados pode receber primeiro.
Redação com Gazetaweb