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USP alega que cotista aprovado em Medicina não é pardo e cancela matrícula de estudante

Por Redação
março 1, 2024

Alison dos Santos Rodrigues, de 18 anos, teve sua matrícula cancelada pela Universidade de São Paulo (USP) após ter sua autodeclaração racial rejeitada. A instituição de ensino superior não o identificou como pardo. O jovem, de Cerqueira Cesar, interior de paulista, chegou a viajar por cinco horas até a faculdade para participar do primeiro dia letivo e, lá, soube de sua desqualificação. A família afirmou que irá processar a USP.

O estudante seria o primeiro de sua família a passar em um universidade pública e o primeiro a estudar medicina, o curso mais concorrido da USP. Rodrigues concorreu pela cota de estudantes de escola pública, autodeclarados PPIs (pretos, pardos e indígenas). Ele alega que faltou uma análise presencial a respeito da sua autodeclaração como pardo, mas a universidade sustenta que realizou uma análise virtual em quatro etapas.

A aprovação de Rodrigues repercutiu em sua cidade. Ele também seria o primeiro de seu colégio a passar na USP para Medicina.

— Colocaram um outdoor na entrada da cidade, fizeram vaquinha para ele conseguir ir à faculdade. A gente chorou de felicidade quando recebeu o e-mail de aprovação. É uma cidade pequena, só temos dois colégios e ele foi o primeiro aluno a passar em medicina — contou a tia de Alison, Laise Mendes, de 35 anos. — Hoje ele está arrasado — acrescentou.

Laise ainda relatou que o jovem raspou a cabeça para cumprir uma promessa, após ter passado no concurso.

O jovem ainda afirmou que nunca se viu como branco, contou Laise. Ela disse que na família que mora no interior, todos são miscigenados. O sobrinho é filho de uma mãe negra e um pai branco. Ele se vê como pardo e a irmã é branca.

— Ele fez a matrícula, como PPI, ele sempre se considerou (pardo) e para a gente foi uma surpresa grande. Um professor, que o ajudou com o recurso, perguntou para Alison como ele se sentia (identificação) e ele respondeu ao professor: 'Como assim me sinto? Eu sou (pardo)'. A irmã dele é branca, já chamaram a mãe deles de baba da irmã, por ser negra e a filha não — relatou a tia.

De acordo com Rodrigues, o fizeram esperar por duas horas para a entrevista virtual que estava marcada para 17 horas e ela aconteceu em menos de um minuto. Sem perguntas ou questionamentos. A família não concordou com o resultado e criticou a falta de uma análise presencial.

— Ele tem os traços, tem o perfil. Se encaixa nos padrões que pedem — afirmou Laise.

Ela contou que no dia 9 de fevereiro houve a primeira negativa da banca examinadora e entraram com um recurso. Na sexta-feira, dia 23, o seu sobrinho havia recebido um e-mail informando sobre a matrícula e avisando da recepção de calouros que aconteceria na semana seguinte.

— Saímos domingo, às 23 horas, e chegamos 4 horas da manhã. O evento começava às 8 horas, mas como somos do interior, não queríamos nos atrasar — afirmou Laíse.

No dia, o sobrinho participou de atividades da recepção de calouros e ela conta que o nome dele estava na lista de presença. Mas, na parte da tarde, o jovem recebeu um e-mail afirmando o cancelamento de sua matrícula por não se enquadrar nos critérios da banca examinadora da faculdade, sistema que passou a ser usado em 2023 na USP, para evitar fraudes em cotas.

— Eu não tinha forças nem para falar e ele ficou sem reação. Ele não é de demostrar reações, mas quando eu olhei para ele, estava pálido — contou a tia.

Em nota, a universidade declarou que a análise virtual é o padrão para os candidatos do Enem e do Provão Paulista (concurso em que Alison passou) porque muitos desses candidatos moram em locais distantes e, assim, a universidade procura "garantir condições para que candidatos de outras localidades tenham a oportunidade de ingressar na USP", declarou na nota.

E também afirmaram que perguntas não são realizadas, pois, "a análise é estritamente fenotípica, a banca não faz nenhum tipo de pergunta sobre a vida dos candidatos. O que conta mesmo é a cor da pele, os cabelos e a forma da boca e do nariz.", declarou a USP.

Por Redação / Com O Globo

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