Desde que Mônica Cavalcante foi assassinada a tiros, em 18 de junho de 2023 na cidade de São José da Tapera, interior de Alagoas, sua família tem convivido com a dor da perda e o sentimento de impunidade. O crime completa 9 meses nesta segunda-feira (18).
O acusado do feminicídio é Leandro Pinheiro Barros, que à época era marido da vítima. Momentos antes de ser baleada, ela gravou vídeos falando das agressões que sofria com frequência e o medo de ser assassinada por Leandro. As gravações foram descobertas no celular de Mônica.
“Parece que não caiu a ficha ainda. Foi muito brutal, muito cruel. A falta dela é devastadora. Pensar que uma menina tão jovem, tão amável e cheia de sonhos teve sua vida interrompida tão cedo”, lamenta a prima de Mônica, Heloísa Cavalcante.
Mônica era servidora do Município e trabalhava como cuidadora de crianças com deficiência no Centro Municipal de Educação Infantil de São José da Tapera.
O casal tinha dois filhos crianças. A prima de Mônica conta que os meninos sentem muita falta da mãe e perguntam por ela.
“Fazemos o que está ao nosso alcance para dar todos os cuidados necessários a eles. Porém, a presença e o amor da mãe deles, a gente não pode substituir. Eles ficam perguntando quando ela vai voltar. É muito triste ter que explicar que eles vão crescer sem a mãe”, conta.
A Justiça determinou a prisão de Leandro no dia seguinte ao feminicídio, mas ele já havia fugido. Há indícios de que Leandro mudou o visual para dificultar ser encontrado, segundo informou o promotor do Ministério Público de Alagoas (MPAL) que atua no caso, Fábio Bastos.
“Existem investigações sigilosas sobre o paradeiro dele através da Polícia Civil. O que posso dizer é que, segundo os informes policiais, Leandro estaria careca e aumentando de peso para manter o disfarce”, disse o promotor.
Após o crime, Leandro foi visto fugindo em um Jeep para Sergipe, onde morava o pai dele, que é sargento da Polícia Militar. Uma comissão de delegados foi formada e a Secretaria de Segurança Pública (SSP-AL) chegou a pedir ajuda da Polícia Civil de Sergipe para localizá-lo.
Dias depois, o pai de Leandro, José Nilton Barros, entregou à polícia a arma do filho que teria sido usada no crime. Segundo a polícia, o pai de Leandro dava cobertura ao filho, mas agora José Nilton está preso, suspeito de participação em um outro homicídio ocorrido em janeiro.
O delegado responsável pelo caso, Diego Nunes, informou que investiga se Leandro conta com a ajuda de outros parentes para se manter escondido e diz que as buscas pelo foragido continuam. “A previsão é de prendê-lo em breve”, afirmou.
A família de Mônica espera que a prisão do assassino torne o luto menos doloroso e cobra celeridade nas investigações para prender Leandro.
“A gente pede que sejam despendidos mais esforços, principalmente da polícia, já que cabe à polícia investigar e capturar o assassino. Pelo que a gente está vendo, existem informações, então por que ele não foi preso ainda?”, questiona Heloísa.
O processo contra Leandro na Justiça está suspenso e permanecerá assim por 20 anos ou até que ele seja preso. O promotor Fábio Bastos explica que isso acontece para que não haja prescrição – quando a Justiça perde o poder de punir alguém por um crime devido ao tempo decorrido.
“Uma hora ele vai ser preso. Ele vai escorregar, o disfarce vai cair ou alguém vai denunciar. Por isso a gente pede que as pessoas denunciem, se tiverem informação fidedigna sobre o paradeiro dele”, diz o promotor.
Quem tiver informação sobre o paradeiro de Leandro Pinheiro Barros pode ligar, de forma anônima e gratuita, para o 181 ou 180.
Redação, com g1 Alagoas