Por Jardel Gonçalves

Atualmente, o Brasileirão conta com 12 treinadores estrangeiros, número superior ao de brasileiros ocupando cargos nas equipes da elite. Em um momento de renovação, dois veteranos ainda se mantêm entre os grandes clubes: Luiz Felipe Scolari no Atlético-MG e Vanderlei Luxemburgo no Corinthians.

Apesar disso, os dois recebem muitas críticas e por vezes são taxados como "ultrapassados". Comandado por Luxa e Felipão em diferentes momentos da carreira, Felipe Melo saiu em defesa de ambos.

"Deixa chateado demais quando a gente vê falando que o Luxemburgo está ultrapassado, o próprio Felipão, que eu tenho uma gratidão enorme. Ganhei o Campeonato Brasileiro com ele. Nós ficamos mais de um turno sem perder com o Felipão. Então me deixa muito triste, porque é um cara muito sagaz, um treinador que não é que passou o tempo ou que está no normal" disse.

"Não é isso, é o cara que quanto mais vai passando o tempo, mais experiência ele vai adquirindo. Mas nós temos que entender que não são todos os treinadores que vão querer sair jogando como Diniz ou como Guardiola. Tampouco são todos os treinadores que fazem um time marcar muito bem como é o Luxemburgo, como o Felipão sabe. Assim, cada treinador tem a sua particularidade, a sua forma de jogo", completou.

Atualmente no Timão, Luxa foi o antecessor de Abel Ferreira no Palmeiras. Para Felipe Melo, o veterano teve participação importante na conquista da primeira CONMEBOL Libertadores.

“E eu vejo que o Luxemburgo foi superimportante na nossa conquista, na minha primeira Libertadores. Porque para conquistarmos a Libertadores, tudo começou com o título de pouquíssima expressão: nós ganhamos a Florida Cup. Ali começou a nossa caminhada. É por isso que eu dou valor à Copa das Confederações que eu tenho aqui em cima, aqui, mas que eu dou valor também à Florida Cup, eu dou valor também à Libertadores. Por quê? Porque começa assim mesmo, no pequeno que começam as coisas”, afirmou.

“Infelizmente não deu sequência, ou felizmente, porque, claro, chegou o Abel Ferreira. E o Abel Ferreira não só fez, mas está fazendo tudo isso com o Palmeiras, que é um gigante do futebol e em pouco tempo já se tornou um dos maiores da história, não só do clube, mas do nosso país. Perderam o jogo agora para o São Paulo (na Copa do Brasil), mas não apaga o que tem feito depois da chegada do Luxemburgo”, acrescentou.

Felipe Melo ainda fez questão de avaliar o momento vivido pelos técnicos brasileiros, afirmando que a análise é mais dura com eles do que com estrangeiros.

“O que nós temos que ter é a paciência com o produto nacional, porque nós vemos muitas pessoas, muitos treinadores chegarem de fora e virem para cá. E como treinadores de fora, nós temos muita paciência. A imprensa tem muita paciência, os dirigentes têm muita paciência, mesmo quando não ganha, mesmo quando não ganha. Mas com o treinador que é do Brasil, o produto nacional que nós temos que dar um pouco mais de atenção, aí tem pouca coisa. Não à toa, o Brasil é pentacampeão mundial e tudo com treinador brasileiro”, destacou.

“Eu quero deixar bem claro que quando a gente fala de treinador estrangeiro e você vê o Abel que chegou aqui, está fazendo um ótimo trabalho já tem tempo. O Jorge Jesus, que foi um marco o que ele fez em 2019. O treinador hoje do Cuiabá (António Oliveira), o trabalho que ele está fazendo no Cuiabá, um trabalho espetacular, dentre outros treinadores que vimos que vem para cá”, continuou.

“Eu acho que quando o treinador vem para somar e começa a ganhar, isso é muito bom também para o futebol brasileiro, com os treinadores brasileiros, porque sobe o sarrafo. Então são todos bem-vindos ao nosso país. Eu sou só peço um pouco mais de paciência também com o produto nacional”, finalizou.