Para as escolas de samba, o término do carnaval significa o fim de um trabalho de quase um ano. Mas o que acontece com a decoração no fim da festa? Ou melhor, o que as escolas fazem com os carros e as fantasias depois dos desfiles?
Em resumo, depois dos desfiles, os adereços e alegorias podem seguir três destinos:
"O que vai ser reutilizado ou o que vai ser vendido é sempre definido pelo carnavalesco e pelo diretor de Carnaval", explica Anselmo Fernandes, diretor de ala da Dragões da Real.
Segundo Fernandes, esse processo começa logo após o término da última apresentação da agremiação. Neste ano, depois do Desfile das Campeãs, a escola remanejou as fantasias para a Fábrica ou para a quadra e dali começou a retirar o que vai ser reutilizado e a separar do que vai ser doado.
Os carros alegóricos ficam mais tempo no Sambódromo do Anhembi e têm suas peças retiradas ali mesmo para a venda. Quando retornam para a Fábrica do Samba - para passar pelo mesmo processo das fantasias - estão apenas com os itens que serão reutilizados ou descartados.
Fernandes estima que cerca de 20% a 30% das fantasias e alegorias conseguem ser aproveitados em outros carnavais. "Por efeito estético, não dá para entrar com a mesma fantasia no próximo ano, então existe o reaproveitamento, e o restante a gente vende ou cede para outras escolas", explica.
Ele diz ainda que os materiais mais reutilizados são os mais caros, como ráfias, pedrarias, plumas e penas, além das estruturas de aço que seguram os adereços, como chapéus, e assessórios de mão, como lanças. Eles conseguem, facilmente, ser transformados em outros objetos ou ser tingidos para ganharem outras cores.
Se a escola decide que o material será vendido, as compradoras são outras agremiações menores, geralmente de cidades do interior do estado ou de grupos abaixo do Especial.
Tanto a reciclagem quanto a venda ajudam a resolver duas preocupações da escola: a sustentabilidade e o preço pago pelo componente.
"Esse processo torna acessível a comunidade estar dentro da escola", diz Fernandes. "Se você deixa a fantasia muito cara, você pode trazer pessoas que não tenham identificação com a escola e o que a gente quer é que efetivamente as pessoas da nossa comunidade desfilem junto com a gente".
O diretor de ala explica, ainda, que os materiais só são descartados em último caso. "Têm algumas partes, como penas e plumas, que já foram muito reutilizadas, tingidas diversas vezes e começam a desgastar. Aí não dá para usar", conta.
Por Redação /Com GazetaWeb