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O que leva uma pessoa a cometer suicídio e como evitá-lo? Pastor e psicólogo explica

Por Lucianna Araújo
fevereiro 7, 2024

 

Desespero? Dor? O que leva uma pessoa a cometer suicídio? Os motivos são multifatoriais e os dados são alarmantes. De acordo com a Organização Mundial de Saúde (OMS), no mundo, 700 mil pessoas morrem, por ano, por causa do suicídio. O Fórum Brasileiro de Segurança Pública estima que no Brasil, por dia, 44 pessoas tiram a própria vida e a maioria é do sexo masculino.

A ansiedade, a solidão, a depressão, o desemprego, problemas conjugais, bullying e o estresse figuram entre os principais "motivos" que levam uma pessoa ao suicídio.

Em Palmeira dos Índios, este fenômeno assusta e tem deixado famílias destruídas e sem explicação. "Fico me perguntando o que levou o meu filho a fazer isso. Ele não pensou que nós ficaríamos arrasados, não pensou em nada. Ele devia ter conversado com a gente e procurado ajuda. Não sabíamos que ele tinha algum problema, pois não aparentava. Lamentamos muito por isso", disse o pai (que não quis ser identificado) de uma vítima.

Atenção aos sinais 

Entre as crianças e adolescentes, os pais precisam ficar atentos aos seguintes sinais:

  • Mudanças na rotina do sono (insônia ou alteração de horários para dormir e acordar);
  • Isolamento da família e do contato social de forma repentina;
  • Comentários como “eu prefiro morrer do que passar por isso”;
  • Uso de roupas de mangas longas, mesmo quando está calor, comportamento que pode indicar marcas de automutilação nos braços ou antebraços;
  • Diminuição do rendimento escolar.

De acordo com o pastor e psicólogo Luís Fábio, o suicídio é um ato consciente, intencional e que resulta na morte. "O suicídio é o naufrágio da esperança, um grito de desespero. Uma pessoa que busca o suicídio, ou que tenta, na verdade está buscando, gritando, procurando uma solução para a sua dor e para o seu sofrimento. Não que ele queira morrer, mas ele quer matar a sua dor e o seu sofrimento", explicou.

(Luís Fábio - pastor e psicólogo)

 

O suicídio é um dos assuntos mais complexos e desafiadores para a sociedade, mas existe muito preconceito em torno da temática. "O preconceito deve ser superado, em relação ao suicídio. Algumas pessoas dizem que é falta de fé, fraqueza, falta de coragem ou é para chamar atenção. Na verdade, a gente precisa superar esses preconceitos e tabus para enfrentar esta realidade tão complexa. O suicídio envolve algumas partes. Por exemplo, a ideia suicida é seis vezes maior do que as tentativas. Já o pensamento de morte é cem vezes maior do que o suicídio. É a idealização, o planejamento e a prática. Esses são os fatores do comportamento suicida", explicou o pastor e psicólogo.

Fatores de risco 

Outro ponto importante para enfatizar é destacar os motivos que levam alguém ao suicídio. Eles são os fatores de risco. "O suicídio envolve um assunto complexo porque ele é multifatorial. Existem vários fatores de risco que precisam ser analisados, como os biológicos, psicossociais e culturais. Mas normalmente o suicídio está relacionado aos transtornos mentais. A maioria dos suicídios são causados por problemas psiquiátricos, como a depressão, o transtorno bipolar e a esquizofrenia", apontou Luís Fábio.

Mas também existem outros fatores que precisam ser levados em consideração. "A tentativa anterior precisa ser identificada. Se houve uma tentativa, o risco de cometer e de tentar novamente aumenta. O uso abusivo de álcool e outras drogas também fazem parte dos fatores de risco. Problemas de relacionamento, perdas, divórcios, problemas financeiros também entram nessa lista. São multifatoriais, são vários fatores", completou.

A quebra de tabus, prevenção e busca por ajuda

As atitudes preventivas são cruciais para vencer o suicídio. É preciso quebrar tabus, falar sobre o tema, procurar ajuda e cuidar da saúde mental. "Precisamos vencer esses obstáculos e falar sobre o suicídio é fundamental. Ele não pode ser visto como um tabu. É preciso falar sobre o assunto, procurar ajuda, cuidar da saúde mental, que hoje é importantíssimo. A gente precisa abordar o assunto e buscar os meios, porque a maioria desses casos poderia sim ser prevenido. E é bom a gente entender isso, que na maioria dos casos o suicídio é amplamente evitável. Deve-se procurar os meios necessários, buscar ajuda de um profissional, compartilhar, conversar os problemas e superá-los, buscando soluções viáveis para manter a saúde mental equilibrada", reforçou.

Luís Fábio também destacou alguns pontos a serem considerados, caso alguém pense em atentar contra a própria vida. "A pessoa precisa buscar ajuda, caso tenha esses pensamentos. O tratamento, a medicação, usar terapia e também a fé e a religião. Não pode pensar que é o fim, que não tem mais jeito, porque você é uma pessoa amada por Deus e pela sua família e amigos. Portanto, valorize a vida, ame a vida, que é um presente de Deus e você não pode jogá-la fora. Há tratamento, há possibilidade de resolver os problemas sem recorrer à  à instrumentalidade da morte, pois só Deus pode tirar a vida de alguém", afirmou.

Onde procurar ajuda:

Disque 188: Centro de Valorização da Vida

O Centro de Valorização da Vida, o CVV, possui voluntários que prestam assistência por telefone, e-mail ou chat. As pessoas que sofrem de ansiedade, depressão e que são acometidas por pensamentos suicidas podem ligar para o número 188 e podem conversar e buscar ajuda.

Centro de Promoção à Saúde Educação e Amor à Vida (Cavida), que atende pelo telefone 9.8879-2710

Centros de Atenção Psicossocial (CAPs), Unidades Básicas de Saúde (UBSs), Unidades de Pronto Atendimento (UPAs) e Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (Samu), que atende pelo número 192.

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